A propósito de uma criança que berrou arrastada pela mãe e pela funcionária até dentro da escola!
A propósito de uma criança que berrou arrastada pela mãe e pela funcionária até dentro da escola!
Já tinha reparado naquela menina, numa das manhãs em que fui levar o meu mais novo à escola (que também não é propriamente a criança mais segura do mundo...), vinha com a avó, que vinha a ralhar com ela em tom baixinho já há um bom pedaço, após mais uns dedos de conversa e uma quantas lágrimas silenciosas, a menina entrou com ar de sofrimento na escola... partiu-me o coração!
Hoje, a menina vinha com a mãe, de novo com lágrimas nos olhos, mas... a dor que sentimos quando nos separamos de uma mãe não é comparável a nenhuma outra dor, então previsivelmente a menina desatou num pranto que foi aumentando de volume e expressividade à medida que a mãe tentava convencê-la a ficar! Cada vez que a menina se agarrava, cada vez mais afincadamente, à cintura da mãe, e a mãe de coração despedaçado tentava soltá-la, mais rapidamente a menina entrava num espiral de descontrolo! Para ajudar à festa, todos os outros pais, do alto da sua sabedoria e da sua vaidade por seus filhos não fazerem tamanhas "birras" ( sim... muita gente pensa que são birras) lançaram sobre aquelas duas criaturas, já totalmente descontroladas, uma avalanche de "dicas", "sugestões" e "palpites"... como se ambas estivessem capazes de ouvir o que fosse!
A menina acabou por ser arrastada para dentro da escola pela mãe e por uma funcionária... o que aconteceu depois não sei... virei costas e vim embora, não suportei mais ver tamanha dor!
Também a mim já me aconteceram cenas destas, talvez de forma menos efusiva, pois o meu mais novo é muito tímido e nem nestas situações consegue dar nas vistas... foi na entrada para a pré, agarrava-se aos meus cabelos a ponto de mos arrancar... foi uma altura complicada, eu não estava de todo habituada a estas coisas, o mais velho sempre foi um miúdo muito confiante, muito calmo, muito seguro... (na altura achava eu, também do alto da minha arrogância, que ele era assim devido à minha influência!).
Então li muitas coisas sobre o assunto...coisas escritas por pessoas muito literadas na arte de ser mãe! Porque é disso que se trata! Ser mãe numa altura que pode condicionar toda a vida do seu filho! Mas arrisquei e li! Li muito! Foi então que descobri uma série de métodos fantásticos que supostamente funcionariam com todas as crianças! Sim... porque tenho dois filhos totalmente diferentes, mas estes métodos são tão eficazes que funcionam com todas as crianças! Confesso que não sei se funcionam ou não, porque NUNCA os coloquei em prática! Não fui capaz!
Não fui capaz de fazer despedidas curtas, o amor que sinto por ele não permite atos curtos!
Não fui capaz de negar mais um beijo e um abraço, porque é de beijos e abraços que as crianças crescem!
Não fui capaz e o deixar ir a chorar, porque chorar é a forma que ele tinha de dizer que me amava e não se vira as costas a isso!
Então tentei outras coisas! Ter paciência... ter mais paciência... ainda mais paciência... para além de ter paciência, fiz outras coisas:
- Despedia-me dele em casa, com tempo! Mil beijos e abraços, preparava-o já aí para a hora da despedida!
- Depois de o ir buscar falava sempre com entusiasmo (verdadeiro...) sobre o seu dia e sobre as coisas novas que aprendeu e dizia-lhe sempre: Senti a tua falta, mas o tempo passou rápido não passou?
- À noite contava uma história, normalmente associada ao receio de ficar na escola!
- E quando tudo isto falhou redondamente, pedi ajuda! Falei com um colega mais experiente que eu e fui aconselhada a praticar a Hipnopedia ( aprendizagem durante o sono!) e ...
Resultou!
Durante todo este processo, NUNCA me senti culpada!
Apesar de (como já referi), muitos dos entendidos na arte da educação apontarem a própria ansiedade dos pais, como a principal razão para a ansiedade de separação na crianças.
Aliás, não só nestas situações, como em muitas outras, os pais são sempre culpados de todos os "supostos defeitos" dos filhos! Algo com que discordo totalmente (mas isso era assunto para uma dissertação demasiado longa!)
Pois como disse, NUNCA me senti culpada, mas não me senti assim, talvez por ter outro filho... e por com ele nunca ter passado por nada assim.
E acreditem... não mudei assim tanto em 6 anos!
Pois bem ....
A propósito de uma criança que berrou, arrastada pela mãe e pela funcionária até dentro da escola! A minha solidariedade e o meu respeito àquela mãe e todas as outras mães! Àquelas que passam pelo mesmo e àquelas que não passam e se abstêm de emitir opiniões!
Se precisarem de mim, estou aqui!